terça-feira, 10 de abril de 2012

O mistério do Jardim


Mesmo que quisesse demonstrar atenção e abrir novamente a janela, nada mais adiantaria,
O jardim era o mesmo, as flores continuavam exalando seus aromas, perfumando o ambiente singelo, os caminhos que eram mais que labirintos ainda existiam, o sensor que denunciava sua tristeza havia permanecido lá, o mar que os separavam, já não separa mais, o mar nunca existiu, e aquele amor desesperadamente rubro, nem era amor, nem era rubro.
Mas, ele insistia em abrir a janela, queria “ver” o canto triste do pássaro, lhe fazia bem pensar que a tristeza naquele canto era por sua causa ou por seu descaso; como era altivo seu ego! Imaginar que em sua presença, era o pássaro a beijar sua mão, ou que, no seu canto havia para ele um pedido de perdão.
Eu ouvi dizer que este pássaro possui uma égide de ouro e que canta no ninho do amor, no lugar onde poesias são poesias e o que passar disso é ilusão.
Num rio de palavras turvas, onde as reticências apenas esperam por mais palavras, que dê sossego a sua alma farta de sofrimento, te vi desfalecer de tanto esperar outro cântico... Eu sinto muito!
E neste momento o pássaro cantou voando por cima de tudo e no seu canto estava escrito: Liberdade a você e ao seu jardim, escute meu ultimo canto... Nunca mais espere por mim.



(prosa poética)