sexta-feira, 30 de julho de 2010

Homenagem ao poeta e amigo: Arnoldo Pimentel


À você meu primeiro selo.

Arnoldo Pimentel, nascido em 15 de julho de 1961 na cidade Belford Roxo (RJ) é poeta e ativista cultural, faz parte dos grupos de poesia  “Pó-de-poesia”, “Gambiarra Profana” e “Folha Cultural Pataxó”, começou a escrever por volta dos 16 anos de idade, tendo suas poesias um lirismo denso e bucólico, tendo como prioridade escrever poesias de amor, solidão e desesperança. 
Arnoldo além de um grande poeta é um excelente amigo, eu diria que nossa amizade cresceu e se fortaleceu em meio às tribulações em que fomos submetidos, onde quase sucumbimos.
Hoje temos uma amizade como Os montes de Sião, que não se abalam, trabalhamos nossos poemas, somos críticos um do outro e, sou e sempre serei grata a ele.
Arnoldo tem poesias nas antologias abaixo, no seu livro: Ventos na primavera me deu o privilégio de ter dois poemas meus publicados nele.

1984   Poesias escolhidas      -    Independente
1986   Antologia Poetas brasileiros de hoje - Shogun Editora e Arte
1987   Antologia Nova poesia brasileira       - Shogun Editora e Arte
1988   Antologia Nova poesia brasileira       - Shogun Editora e Arte
1990   Antologia Poetas brasileiros de hoje- Shogun Editora e Arte
2009   Antologia Poetas brasileiros vol 54   - Câmara Bras.  Jovens Escritores
2010  Ventos na Primavera                           - Folha Cultural Pataxó

Suas principais Conquistas:
Amizades, Confiança, Prestígio

As coisas que mais valoriza:
Amizade, Honestidade, Trabalho

Pessoas importantes em sua carreira como poeta

Cláudio Alexandre Oliveira (Músico, compositor, poeta)
Silviah Carvalho                   (Poetisa)
Márcio Rufino                       (Poeta)
Ivone Landim                        (Poetisa)
Sérgio Salles-Oigers           (Músico, compositor, poeta)

À Você Amigo fiz este poema

Amigo

Precisei de um amigo
em quem pudesse confiar
que falasse a verdade
que não ignorasse meus defeitos
e sim, me ajudasse a mudar

Um amigo de verdade
que não fosse apenas "mais um"
que ao chegar alegrasse meu dia
e ao sair deixasse saudade

Aquele amigo...
que compartilhasse comigo minhas 
felicidades que não me deixasse só nas adversidades, 
se eu caísse me estendesse a mão

Um amigo de verdade
que na minha sede
me oferecesse água e na minha 
fome não me negasse o pão

Um amigo...
que eu pudesse contar com ele
como ele comigo
que ele encontrasse em mim
um ombro amigo

Um amigo...
de quem eu pudesse dizer:
você é mais que um irmão

E tudo encontrei em você
e hoje posso falar:
você mora no meu coração.

(não esqueça as regras do selo)



quarta-feira, 28 de julho de 2010

A noite da minha poesia!


Chegou à noite para a minha poesia,
Como se o passado tivesse voltado,
Matando o amor que em mim nascia,
Fim de linha... Página em branco, sem poesia!

Onde está o amor para que ela viva?
Onde está a amizade que a faz criativa?
Amizade... Palavra vazia!
Sem amor como sobreviveria?

Nenhuma palavra expressa o amor,
Quando ele já não existe,
E se não há poesia tudo fica 
Ainda mais triste.

Não houve fidelidade nas palavras ditas
__Eu te amo! Era ilusão, e eu não via!
Decepção...  Página em branco!

Nada sai do coração da poetisa,
Que desse amor dependia.

Roubaste- me!
Está contigo minha inspiração,
Não consigo escrever, como antes escrevia!
Devolva seu amor!

Antes que morra a poetisa,
E sua poesia.

Silviah Carvalho

terça-feira, 27 de julho de 2010

Um vez eu conheci um anjo! (José Feldman- Pavilhão Literário)



(ao meu anjo que carregou consigo meu coração, Alba Krishna)

Uma vez conheci um anjo.
Não tinha asas e nem auréola,
mas tinha um olhar de anjo.

Uma vez conheci um anjo.
Era meiga, sincera,
e falava coisas tão bonitas
que sentia meu coração derreter.

Uma vez conheci um anjo.
sorria como só os anjos sabem sorrir,
e fazia biquinhos tão encantadores
que a vida parecia se tornar mais leve.

Uma vez conheci um anjo.
Ela viu algo dentro de mim,
que ninguém conseguia ver.
Viu beleza e amor.

Uma vez conheci um anjo.
E nos abraçamos,
nos beijamos,
cantamos juntos
e olhamos a lua
com olhar de apaixonados.

Uma vez conheci um anjo.
Juntamos nossas coisas,
e fomos morar juntos,
em um mundo angelical.

Uma vez conheci um anjo.
Tivemos gatos e cachorros,
presente dos céus para nós.
Mas estavamos juntos,
e nos amavamos.

Alguns morreram
outros apareceram em nossas vidas
e enfrentamos a vida juntos
Mas nos amavamos,
e tudo era benção dos céus.

Uma vez conheci um anjo.
A situação se apertou
e fomos para o Paraná.
Caminhavamos pelos parques,
riamos com novos amigos,
batalhando eramos felizes.

Uma vez conheci um anjo.
Voltamos ao seu lugar de origem.
Mas ríamos, cantavamos,
nos amavamos,
nos divertiamos,
mas estavamos ficando velhos.

Uma vez conheci um anjo.
Kika morreu.
Lad morreu.
Gwyddion morreu.
Baby morreu.
Bibo morreu.
Floquinho morreu.
Fluffy morreu.
Eramos felizes e nos amavamos,
e riamos, e bebiamos e nos beijavamos.

Uma vez conheci um anjo.
Ele tinha asas e voou.

Uma vez conheci um anjo,
e agora sei o que é sofrer
por querer um anjo.
O preço foi muito alto
Lad,
Cerydween,
Bastet,
Algodão
Kika
Gwyddion
Baby
Bibo
Floquinho
Fluffy
Meu anjo.

Uma vez conheci um anjo.
Hoje sei que são trevas,
Como a noite é escura,
fria e triste.
O que é solidão.

Uma vez conheci um anjo...
Poema de José Feldman

domingo, 25 de julho de 2010

Nunca Mais...


Queria entender tudo que está no ar,
Porque rosnam contra mim os animais cruentos,
Por ventura há culpa no amar,
E neste instante quem pode me julgar?

Quem consegue aquieta-se de seus próprios tormentos,
E viver, amar e maldizer aquilo que lhe dá alento?
Eu não, mas desfiz-me deste amor revelado e em cartaz,
E me pus a te amar em silêncio, assim talvez tenha paz.

E te dê paz ainda que seja assim, vivendo na
Desesperança desta vida que de mim rouba o vigor,
Desde que percebi contra mim seu sentimento,
Numa guerra obscura e fria, ódio e ódio contra o amor.

Finjo não ver nem perceber sua presença,
E vivo contigo todos os dias na tua ausência,
Sinto, mas não é verdade a verdade que vejo,
Devo me calar diante de ti mantendo a aparência.

Na harmonia de um amar para viver,
Musa cerne não pode perder aquilo que nunca foi seu,
Jogo a tolha. Saio da tela deixo em cena aquele perdeu,
Infinda batalha desonrosa a honra será daquele que morreu.

Que fique em paz aquele que me tira a paz,
Que fique comigo que seja um amigo a mais,
Suportarei teu silêncio a ausência que esta vida me traz,
E por amor perco e venço a guerra, sigo sem o premio,

Mas guerrear por amor nunca mais... Nunca mais

Silviah Carvalho



quinta-feira, 22 de julho de 2010

Cansei


Não sou mais que um barco a deriva e de passagem
Num oceano de palavras e promessa infundadas
Palavras inauditas, terna necessidade em ouvir,
Ouvindo-as vejo a desvantagem, nada posso usufruir.

A eterna busca de um motivo para viver e continuar
Como se viver fosse bom e a luta pela vida valesse à pena,
A vida na verdade não é mais que uma continuidade
Tudo é incerto, não há um porto seguro, é tudo vaidade.

Espaços são preenchidos por seres animados,
Por vezes desanimados de esperança incontida
Sonhos interrompidos falência da própria vida
Medito na exaustão diária e me canso mais ainda

Toda humanidade clama, implora e pede paz
Querendo ser feliz. Onde está a felicidade?
Na saúde, o resto se conquista. Não é assim?
Não é! Sempre e sempre vamos querer mais

Não sou mais que uma partícula sem rosto, uma vivência.
Apenas um querer, se for tirada não haverá prejuízo
Você não se da conta de minha existência
Talvez eu seja de Deus uma mera experiência

... Que não deu certo, se sumir ninguém percebe
Tão insignificante e frágil é minha subsistência
Não sou nada e não quero ser, sendo me torno culpada.
A culpa de viver sem querer, de viver sem você

Isso para mim não é vida é existência
Exagero de coincidências fatais
Não sou mais que um náufrago longe do cais
Alguém que sucumbiu e desistiu e não quer viver mais

Silviah Carvalho

sábado, 17 de julho de 2010

Tristeza

Se minha tristeza tivesse fim poderia mudar meu teor,
E virar a página do que há incontido no desfazer-se do nó.
No nascer de um novo dia eu perceberia sua real beleza,
Eu poderia viver e amar se não fosse esta tristeza.

Por ela me escondo e com ela sobrevivo e me divido,
Não há dor que não sinta ou mal que não tenha conhecido,
Às vezes parece amiga, dorme e acorda comigo, não me deixa,
Mas de sua presença, minha alma reclama e a mim se queixa.

Dela escrevo por ela me inspiro, nela Deus se manifesta,
É a presença reflexiva que nos poemas exprime grandeza,
Perder a graça de viver é tão fácil, quanto não achar um
Motivo para tal. Finar-se, é da tristeza o estágio terminal.

Como a “Narciso” foi-me dado uma sentença, mas no espelho
D’água não vejo minha aparência, foi-se o que chamam de beleza,
Ficaram lembranças saudosas de um tempo que não volta por
Nunca ter existido que foi sonhado e não foi vivido... Tristeza!

Agora, tornar-se-á real o que parecia apenas sutileza,
Vais partir e nada terei por sua ausência, já sinto saudade. 
Cativou-me algo tão raro, considerando sua frieza,
Restou-me esta certeza, nada sou para ti, e eterniza esta tristeza.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Chuva e Saudade (Aparecido Raimundo de Souza)


Cai a chuva... é triste o dia...
A manhã é cinzenta e baça...
E eu mudo vejo a chuva fria,
A correr de leve na vidraça...

E a chuva cai... cai e não passa...
Nem sequer a chuva estia...
Para que um pouco se desfaça,
A saudade de quem eu  tanto queria!...

Qual  essa vidraça, está meu rosto...
E meus olhos não querem desanuviar...
É por demais sofrido o meu desgosto...

Aumenta a chuva  e com ela a minha dor...
Soluço qual criança perdida, sem cessar,
Na incerteza de ao menos rever-te amor!...

terça-feira, 13 de julho de 2010

O Pastor e o Psicólogo - NO DIVÃ


Naquela noite, doutor, eu sai daquele culto como se o único “crente” ali fosse eu.
Eu havia pregado excelentemente bem como de costume; “excelentemente bem” era o que eu dizia depois de todo culto em que eu pregava. Eu me lembro Doutor, que havia na congregação um irmão que fazia tudo para pregar bem, e toda vez que ele pregava eu olhava para os irmãos e quase todos estavam chorando, confesso Doutor eu pensava que todos choravam de tristeza ou de vergonha, porque aquele irmão pregava muito mal, ele mal sabia ler a bíblia, e tinha tantos erros na pronuncia das palavras que eu mesmo me envergonhava diante dos visitantes, mas o mais incrível era que até os visitantes choravam.
Quando eu pregava era diferente, todos pulavam, glorificavam e o melhor era que depois do culto todos faziam questão de me cumprimentar, e eu me sentia muito bem com aquele assédio, me sentia famoso, como David Wilkson, como Richard Wurbrand.
Mas aquela noite, Doutor foi muito diferente, eu vestir meu melhor terno, calcei meu melhor sapato peguei a Bíblia entrei no meu carro e fui para igreja, a igreja ficava longe de casa, e no caminho fui conversando com Deus,
Eu dizia para Ele que estava muito cansado, e só iria para a igreja por que sabia que não podia faltar, pois quem iria me substituir? Já que ninguém pregava como eu.
Quanta insensatez!
Sabe Doutor, eu já tinha lido a bíblia toda, varias vezes, mas não atentamente e por esse versículo Is.42: 08, Doutor, passei despercebido, como alguém lê toda e deixa esse versículo passar despercebido? Somente alguém insensato.
Continue por favor __ disse o psicólogo
Quando entrei na rua da igreja, tudo ficou escuro, comecei a suar frio, e sentia uma repentina dor de cabeça, era uma rua muito movimentada, eu tinha consciência de um eminente acidente, então perdi o controle do carro e bati frente a frente com outro carro, eu estava sem o cinto de segurança, eu não consegui enxergar, pois minha visão continuava embaçada e naquela aflição e tumulto outro carro bateu na porta do meu, do lado do passageiro, a batida foi tão forte e eu fui imprensado nas ferragens, perdi a consciência de vez.
Acordei depois de dez dias, na UTI de um hospital, tentei me levantar, mas não consegui, logo veio o medico me falou do acidente e que nas radiografias fraturei as duas pernas, e... Esse “e” me assustou, ele calmo e friamente deu a noticia que nunca esperei ouvi, ‘você tem um tumor no cérebro’, então me lembrei de como tudo ficou escuro naquele dia. Fim da linha. pensei! E chorei muito.

Onde estava o Deus do qual eu falava com tanta eloqüência? Porque comigo? Não havia resposta, não naquela hora.
Doutor, do acidente até a retirada dos aparelhos de ferro das minhas pernas e do tumor, seis meses se passaram, a igreja toda orava por mim, e me falava das mudanças que Deus fizera e estava fazendo enquanto eu me recuperava lentamente, era como se Deus não tivesse pressa na minha recuperação, isso me deixava arrasado.
Quando enfim pude voltar à igreja, era tanto preparo pra sair de casa, cadeira de rodas, (pois ainda não tinha forças nas pernas) remédios e tantas coisas que acabei chegando atrasado, entrei na igreja tudo estava mudado, a igreja lotada, pessoas novas, tanta mudança! Quando passaram a oportunidade para o pregador eu me assustei, era aquele irmão que “mal sabia falar”, mas quando ele pegou o microfone meu corpo estremeceu eloqüência, santidade, unção e humildade, foi o que presenciei, a palavra foi tremenda, e senti a presença de Deus como nunca na minha vida eu havia sentido, daí descobri porque as pessoas choravam em suas mensagens, ai então doutor, Deus falou comigo, pela primeira, uma voz tão branda tão suave e ao mesmo tempo tão forte que rasgou o meu coração e me disse.: “você me perguntou aonde Eu estava quando sofreste o acidente, queres a resposta agora? Eu respondi, Sim Senhor
Então tudo que havia em mim foi lançado no chão, meu orgulho, e minha desprezível soberba; minha máscara caiu depois que Deus me disse:.
“Eu estava te substituindo meu filho, para que se cumpra em ti também a minha palavra que diz “A minha glória eu não a divido com outro” para que saibas que Eu Sou Deus.

Você entende doutor? .

__O médico levantou-se abriu a porta e me dispensando disse: espero que tenha aprendido a lição.

Passar bem pastor.

(Ficção)

domingo, 11 de julho de 2010

Folhas secas (Elio Candido de Oliveira)


Verdes estão ainda as lembranças.
Das belas sombras proporcionadas.
E quantas ânsias da tua presença.
Nas folhas verdes, hoje ao chão jogadas.

Mãe arvore, que proporciona.
A sombra, que nos beijos o carinho aciona
Tuas filhas folhas, verdes vidas
Hoje delas desprovidas.

A natureza, vem e vai.
Tudo se recompõe, ao solo volta.
E nada mesmo se vê revolta.
Um eterno se ir. E tudo parece fim.

É nada! É o recomeço.
Para nós a eterna esperança.
De vidas a surgir do abraço.
E dai, o descompasso.

Folhas secas.
Verdes...
Jovens adultos.

Natureza, vida..



oliveira-elio-@hotmail.com
elio.oliveira@altnet.com.br



                

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Ele (Aparecido Raimundo de Souza - Jornalista)


Tinha (apesar nos olhos meigos e serenos) um brilho diferente, uma claridade que parecia cegar a quem o fitasse por muito tempo. Naquele rosto de infinita complacência, a vida se apresentava de forma bastante acentuada. Talvez fosse a sua personalidade marcante, ou o seu modo de ser e de agir que faziam da sua presença um encanto único e abrangente, um enfeitiço jamais visto ou sentido. A todos -, como a mim -, em particular, essa criatura envolveu meu eu com uma forte simpatia que logo se espalhou, de imediato, por todo o resto do corpo. Era como se a ternura tivesse saído de seu habitat natural e, naquele ser repleto de mansidão feito a sua morada eterna.

Ao falar usava no timbre da voz uma tranqüilidade inebriante, uma calma que encerrava e transmitia uma segurança ímpar vinda do céu. Só podia ser do céu. Seus gestos meticulosos, finos e educados, cativavam o mais profundo dos corações, como, aliás, fascinou o meu.
Meu primeiro contato com ele aconteceu exatamente algumas horas antes de se comemorar a ceia oficial de natal - e só esse encontro bastou para lhe dedicar uma atenção maior – além de perceber a benignidade da sua fausta e suntuosa majestade.
Até então um perfeito idiota, me considerava um sujeito vil e infame. Um cara de concepção mesquinha e perversa. Minha vida, até aquele instante, tinha sido escura, triste e melancólica. Na verdade, eu passava por sérios embaraços e dificuldades. Meu caminho, a contar dos primeiros passos, sofria funestos momentos de intranqüilidades e incertezas. O negror das nuvens da infelicidade parecia não querer se afastar de sobre a minha cabeça. Entretanto, algo mudou em mim. Alguma coisa me transformou a partir daquele contato. Da minha primeira conexão com ele. Senti um novo alento tomando conta da minha alma. Na verdade, meu corpo inteiro se desprendeu de uma carga muito pesada e enfadonha. Parecia que um encosto maléfico me sobrecarregava os costados. De repente, como num passe de mágica fiquei leve. Eu flutuava por sobre as coisas. A cabeça parou de girar em torno de pensamentos difusos e os pés descalços de tantos passos inseguros acertaram terra firme. Deixei de ser barco lutando contra a corrente forte de um mar em fúria. Achei porto seguro onde atracar meus sonhos e devaneios.
Quando aconteceu nosso primeiro encontro, eu estava deitado em minha cama, triste e solitário, vazio e oco, os olhos fechados, pensando no amanhã que logo viria incerto e obscuro. Meus pais haviam saído para providenciar as compras para a ceia da noite. Meus outros irmãos brincavam na calçada em frente. Foi nessa hora que Ele chegou, de mansinho, sem que eu percebesse de onde havia saído. Veio assim, do nada, e se fez presente sem ao menos bater na porta. Disse que estava querendo falar comigo ha muito tempo. A princípio, fiquei cheio de medo, mas, ao olhar para o seu rosto e o reconhecer, fui acalmando a tensão e o medo que estavam escondidos dentro de mim. Como nossa vida é engraçada: eu tinha um amigo fiel ao meu lado, cuidando de mim o tempo todo, mas eu nunca me dera conta da sua presença. E Ele, por Deus, Ele estava ali agora. Mais perto ainda e querendo trocar algumas palavras comigo...
- Como, como você - quero dizer - como o Senhor fez isso? - Não importa meu filho. O que nos interessa é a sua situação. Fale-me da sua vida. Conte-me seus problemas. Procurei, então, expor as minhas questões mais prementes. Mostrei as necessidades básicas que se avolumavam com o passar inexorável dos dias. Contei a Ele dos meus temores. Abri a caixinha dos meus sonhos não realizados, e escancarei meus empreendimentos futuros.

Ele me ouviu atento, silencioso, me encarando bem dentro dos olhos vermelhos de tanto chorar angústias. Em nenhum momento sequer ousou me interromper. Quando finalmente terminei o rosário de mazelas que me atormentavam, me pediu que ficasse de joelhos e orasse. Obedeci. Fiquei de joelhos e orei. Ele também orou comigo. Depois me pediu calma, muita calma e desejou toda a paz do mundo para minha casa, para meus familiares e principalmente para meu coração.

Colocando as mãos em minha cabeça, fechou por breves momentos os olhos. Quedou-se por algum tempo em profundo silêncio. Findo esse prazo, tomou minhas mãos e rezou um Pai Nosso e ofereceu ao Altíssimo. Em seguida, rogou a Deus, ou melhor, ao Celestial que me abençoasse, bem como a todos que faziam parte do meu círculo familiar. Após isto, disse que precisava voltar para junto do Pai. Antes de fazê-lo, contudo, me alertou que bastaria um simples relance de olhos para aquele canto do quarto, ou mais precisamente para a parede sobre a cabeceira de minha cama. Um simples olhar e, Ele estaria comigo, a meu lado, sempre, desde que tivesse, no peito, muita fé e no coração o verdadeiro amor pelo Criador de todas as coisas.

Ele quis dizer, em outras palavras, que eu tivesse muito amor mesmo, ou seja, um amor incondicional e irrestrito a Deus, o Altíssimo e Eterno Supremo Senhor de Tudo, eu seria uma pessoa realizada e feliz. Assegurei-lhe que assim faria, caso sentisse a aflição rondando minha porta ou os meus caminhos a serem seguidos.
- Agora olhe. Mate a sua curiosidade. Veja como fiz para chegar até aqui.
Então Ele foi subindo, foi subindo, até que se postou inerte, de braços abertos, na tosca cruz de madeira que adornava a parede fria e suja de meu pequeno quarto. Daquela tarde em diante, meus dias mudaram da água para o vinho.
A noite de natal, especificamente aquela noite de natal, foi esplendorosa e mágica. Perfeita, sublime, inesquecível. Pela primeira vez eu senti verdadeiramente, a consagração de Deus Pai.
Meu corpo se encheu da unção da Sua Santidade e eu passei a ser, uma pessoa completamente feliz e realizada.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A sua presença

Sentada em um banco, alheia a tudo em minha volta
pude tocar um anjo, alvo, humano e celeste
minha mão pela primeira vez desobedeceu meu temor
perdi por um momento o controle e toquei o amor

Sua presença, seu cheiro agora são reais em minha mente
não há mais como fugir, a tristeza tomou-me, estou doente
tenho desistido de tudo, não vejo por que viver
se não pelo que restou em mim do que pude ter de você

Tenho a esperança perdida, não há mais o que perder
não continuo, apenas sigo só... Só assim como se vê
fechada em meu casulo, vivendo apenas por viver

Naquele banco onde o anjo demonstrou sua clemência
permitindo-se ser tocado doando de si a virtude, houve um
milagre real, experimentei da vida, um minuto de essência

O que será da minha vida com sua definitiva ausência?
tive do meu jeito de amar a justa e cruel recompensa
viveria do amor, mas hoje, existo de lembrar sua presença



domingo, 4 de julho de 2010

CRIANÇAS ORFÃS - DE TUDO E DE TODOS. (Elio Candido de Oliveira)


Órfãs de pais que partiram
Órfãs de pais presentes
Que são tão ausentes
Tanto como os que se foram.


Crianças e sem rumo! Sem presenças.
Por que para elas nada fazemos.
Nada, que a sua alma convença.
Das maravilhas que vivemos.


Se vão sem nenhum ideal.
Com nada que lhe pareçam leal.
Tem medo de tudo que se aproxima.
E ainda mais daquele que lhe chama.


São almas perdidas, sem amor
Sem qualquer alimentação
E sempre cheia de pavor
E sofre ainda tremenda pressão.



Nas leis até bem redigidas
Que pregam, proteção
Mas do judiciário, jamais execução.
E assim ficam perdidas.



Sempre sem ação edificante
A buscam nas mãos dos traficantes.
Que até cruéis o são!
Mas asseguram a elas pelo menos alimentação.

Crianças sem destino.
Crianças órfãs também da Lei!
Crianças sem governo!
Crianças sem Pais sem mães!
Crianças sem você..

sábado, 3 de julho de 2010

À Espera (Aparecido Raimundo de Souza)

Aqui me pego, à tua saudade, esperando
Que venhas e traga ternura em teus traços...
Porém, passam-se as horas... E já desanimado
Cismo que não chegarás até meus braços


E meus anseios vão se arrastando
Em tua ausência c’os meus embaraços...
Tão depressa as horas foram passando,
Que até ouço a saudade e seus tristes passos...


Perto de mim, uma pá de gente segue cruzando
Indiferente ao anseio de que desejo ver-te
E que aos poucos estou me definhando...


Esgotou-se o tempo... Esperar-te foi em vão.
Mas a angústia louca de amanhã rever-te,
Faz regressar feliz este meu coração!...


Aparecido Raimundo de Souza 57 anos é Jornalista e Escritor

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Locomotiva (José Feldman - Pavilhão Literário)

A locomotiva corre
Corre que corre
Corre que corre.

Corre levando a gente
Corre trazendo a gente
E a gente corre e corre
Neste leva-e-traz.

A locomotiva corre e apita
Corre e apita
Corre e apita.

Apita o início do jogo,
Apita a voz de comando
Apita a batalha da vida
Apita a vida passando.

A locomotiva corre e pára
Corre e pára
Corre e pára.

Pára na estação
Pára na carga e descarga
De meus momentos de indecisão.

Vai que vai
Vou que vou
Fico que fico.
E a locomotiva apita

E ela corre que corre
E lá vai ela
E lá vou eu!

Corre que corre,
Corre que corre,
Corre que corre…

(Colaboração do Autor)

O Sorriso da morte (Aparecido Raimundo de Souza)

Esta tristeza está me aniquilando,
a minha vida aos poucos terminando,
com a certeza de sido honesta.

Não fui ninguém, sempre tão querido,
tudo o que fiz, eu sei, não foi perdido,
não chorem, por favor, só quero festa.


Estou feliz e nada levarei,
antes da morte ainda eu farei
algo que em vida me realizará.


Se já conheço esta sociedade,
e a ilusão que existe na cidade,
é a minha chance e não me escapará.

A morte, eu sei, que se aproxima,
para o poeta vem forçando rima,
chegou a hora de me despedir.


E é tão feliz, a quem ela avisa,
que vai chegar para levar a vida,
prefiro assim e não me iludir.


Não deixo nada, só recordação,
pudesse eu deixar meu coração,
pra quem de mim saudades vai sentir...


Mas sei, aos poucos, vão me esquecer,
inevitável será, vocês vão ver,
mais um motivo pra eu sorrir...

PESCADOR DE SONHOS (Arnoldo Pimentel)



Pescador de Sonhos

Tudo passou na hora que desbotou
Na hora que deixou de ser
Quando a maresia trouxe o outro lado da cor
O outro lado da dor

Tudo passou na hora que tinha que partir
Partir para o nevoeiro
Partir pra solidão do mar
Partir sem saber se iria voltar

Iria apenas partir
Não importava se iria ou não pescar
Importava sim
Poder se descobrir

Não importava se a dor que sentia era feita de flor
Ou se amargas lembranças iriam voltar
Só queria mesmo era partir para o mar

Só queria olhar para o horizonte e se entregar
Viver uma aventura para se esquecer de amar
Não importava se iria encontrar um marlim
Ou apenas sorrir para as estrelas ao invés de chorar
Ao invés de querer desistir de sonhar

Talves fosse mesmo outro velho em busca do mar
Ou apenas um jovem velho que não soube amar
Que naõ soube pescar na beira da praia
Que nem mesmo saboreou uma raia

A lua secou
Secou sem lágrimas para desabrochar
Secou sem poder olhar os olhos que queria abraçar
Secou sem seus encantos poder mostrar
Sem ver o sol que queria amar

Tudo acabou
Acabou no momento que a flor sem orvalho suspirou
Na noite que seu mar secou
Nos olhos que ao olhar serenou
Na única noite que amou

Talvez fosse mesmo um velho jovem que estava partindo
Ou um velho que viveu sua breve vida sorrindo
Mas que se esqueceu de tentar naufragar
De se agarrar a tênue vida que a solidão nos dá
Que se esqueceu de lembrar que para viver
Era preciso brincar
De sonhar
De viver para amar