sábado, 26 de março de 2011

Meu coração em suas mãos


Me vi buscando sombras, vestígios, sentimentos,
E algo em mim ameno, mostrou-se bem mais sedento,
Tirando-me desta plenitude, fazendo-me lembrar,
Que tudo se esvai, até mesmo meus vãos pensamentos.

Te dei o meu coração, desfiz dos meus sonhos ao amar-te,
Tomara suas mãos frias não o congele de todo,
E seu desgosto não venha navalhá-lo,
Pois ainda que peças, nada mais tenho para dar-te.

Guarda-o em ti, como num descanso celeste aqui,
Pois percebi que só há tranqüilidade em ti,
Aqueça tuas mãos, suga raios de sol, que ferva sua voz,
Que não mane de seus lábios o vulgar eu e você, deixe fluir o nós.

Leva-me à outra plenitude, que eu possa ver além deste finito,
Aqueça seu fôlego, fale aos meus ouvidos, uni seus lábios aos meus,
Leva-me a tocar em estrelas, a conhecer outros céus,
Abra seu coração e ouça o meu silencioso grito.

Depois verei, se peço de ti de volta, o meu tão frágil coração,
Que partiu de mim, seguindo sua sombra e caiu em suas mãos,
Peço, não o devolva com sede e fome como chegou a ti,
Pois nada há mais triste, que desiludir-se do sonho e da ilusão.

Repostagem

terça-feira, 15 de março de 2011

O Poeta (Feliz dia da poesia a todos)

É aquele que ama um pouco mais,
E nunca ama por amar
E sonha um pouco mais, voa um pouco mais alto
E um pouco mais longe...
Chega onde poucos conseguem chegar

Entra nos labirintos da mente
Conhece o passado e presente
Deduz o futuro com tanta exatidão
Que parece viver um passo a frente

Nele existe um pouco mais de emoção
Um pouco mais de atenção
Um pouco mais de alegria
E um pouco mais de solidão

Um pouco mais de sinceridade
Coisa pouca dentro de muita gente
Um pouco mais da louca igualdade
Que o faz assim, tão diferente

Ele tem um pouco mais de quase tudo
Guardado dentro da mente
De tudo faz um poema, revela tudo que sente

Assim é o poeta
Ama sem ser amado; espera sem ser esperado
E muitas vezes, morre abandonado

Por vezes, só depois da morte
Tem seus poemas lembrados...

quarta-feira, 9 de março de 2011

O cair das folhas










Importa que haja o tempo passado...? E desde menina sonhava com a estrela prometida na Serra, seus olhos em voltas com seus muitos afazeres passeavam ignorando até minha sombra, minha vida não era de facilidades e autocomplacência, apenas imaginava que eram meus todos os corpos celestes...
Eu não me importava com sua ausência, mas mantia a fé de que um dia me levaria à Estrela, mas agora a vejo receber cadência por seu silêncio, saiba o Navio é feito para navegar, apesar da tempestade e, é nela que o Carvalho aprofunda raízes, os pinheiros soltam suas pinhas e o mesmo vento sopra tanto no cardo como na planta aromática, mas só uma delas espalha doces perfumes, entristeço-me diante de sentimentos piedosos que nos corações acham-se armazenados e desprovidos de liberdade.
Como era maduro imaginar o cair das folhas sem me importar com a estação, segurar sua mão, e caminhar nas trilhas desenhadas como que sinalizadas com fitas coloridas, tudo na minha frágil imaginação. Desejava acordar pela manhã nos seus braços, tomar café, leite, comer pão e deixar de lado a Manteiga, coisa de menina!, todas as coisas que tomavam seu tempo, eu só queria você, só desejava você, era como um herói, um príncipe inatingível, você, você, você... E nunca eu, como agora. Mesmo que o tempo haja passado e que agora já não possa colher o Alecrim e apertar sua mão. Sinto apenas pelo seu medo de falar-me, a fraqueza propicia dos homens, vendo-se diante do passado, talvez por saber que ainda há amor nos meus olhos outrora de menina, hoje de mulher que já sabe quem e o que quer...
Sigo outra trilha por seu adeus que me toma o direito da voz, o faço por minha intuição, a contemplar a tristeza do cair das folhas no chão.

terça-feira, 1 de março de 2011

Antes que...













Seja aprisionada pelo seu sorriso,
E sinta que a vida não fará mais sentido sem você
Antes que tenha certeza que você é tudo que preciso
Antes que eu perca a razão e no amor volte a crer

Antes que sua solidão misture com minha carência
E suas mãos toquem novamente as minhas
Antes que eu seja vencida por minha impaciência
E passe a crer que perto de você eu não esteja sozinha

Eu voarei rumo aos pinheiros, perto da tristeza
Onde as noites são frias, os dias são longos
Eu estarei a meditar na sua simplicidade e pureza

Na paz que emana de você, na sua doçura e nobreza
Eu irei pensar no silêncio da minha incompreensão
Não diga nada, talvez não resista à dor de um sincero não

Eu cheguei no tempo que é para ti a alto-reconstrução
Em que preferes a solidão latente no seu meigo olhar
Eu irei antes que, seja dominada pelo desejo de ficar

E quando este papel envelhecer,
Saiba que esta poetisa que hoje te escreve apesar
De nada ter, desejou ter tudo e, tudo para ela, é você.