Só para alem da janela
Nenhuma nuvem, nenhuma folha amarela
Manchando o dia de ouro em pó...
Mas aqui dentro, quanta bruma,
Quanta folha caindo uma por uma
Dentro da vida de quem vive só!
Só – palavra fingida palavra inútil,
Pois quem sente saudade nunca está
sozinho;
E a gente tem saudade de tudo nesta vida
De tudo! De uma espera
Por uma tarde azul de primavera.
De um silencio; da musica de um pé
Cantando pela escada:
De um véu erguido, de uma boca
abandonada,
De um divã: de um adeus: de uma lágrima
até!
No entanto, no momento,
Tudo isso passa na asa do vento
Como um simples novelo de fumaça...
E é só depois de velho, numa tarde
esquecida,
Que a gente se surpreende a resmungar:
“Foi tudo que vivi de toda minha vida”
E começa a chorar
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