terça-feira, 13 de julho de 2010

O Pastor e o Psicólogo - NO DIVÃ


Naquela noite, doutor, eu sai daquele culto como se o único “crente” ali fosse eu.
Eu havia pregado excelentemente bem como de costume; “excelentemente bem” era o que eu dizia depois de todo culto em que eu pregava. Eu me lembro Doutor, que havia na congregação um irmão que fazia tudo para pregar bem, e toda vez que ele pregava eu olhava para os irmãos e quase todos estavam chorando, confesso Doutor eu pensava que todos choravam de tristeza ou de vergonha, porque aquele irmão pregava muito mal, ele mal sabia ler a bíblia, e tinha tantos erros na pronuncia das palavras que eu mesmo me envergonhava diante dos visitantes, mas o mais incrível era que até os visitantes choravam.
Quando eu pregava era diferente, todos pulavam, glorificavam e o melhor era que depois do culto todos faziam questão de me cumprimentar, e eu me sentia muito bem com aquele assédio, me sentia famoso, como David Wilkson, como Richard Wurbrand.
Mas aquela noite, Doutor foi muito diferente, eu vestir meu melhor terno, calcei meu melhor sapato peguei a Bíblia entrei no meu carro e fui para igreja, a igreja ficava longe de casa, e no caminho fui conversando com Deus,
Eu dizia para Ele que estava muito cansado, e só iria para a igreja por que sabia que não podia faltar, pois quem iria me substituir? Já que ninguém pregava como eu.
Quanta insensatez!
Sabe Doutor, eu já tinha lido a bíblia toda, varias vezes, mas não atentamente e por esse versículo Is.42: 08, Doutor, passei despercebido, como alguém lê toda e deixa esse versículo passar despercebido? Somente alguém insensato.
Continue por favor __ disse o psicólogo
Quando entrei na rua da igreja, tudo ficou escuro, comecei a suar frio, e sentia uma repentina dor de cabeça, era uma rua muito movimentada, eu tinha consciência de um eminente acidente, então perdi o controle do carro e bati frente a frente com outro carro, eu estava sem o cinto de segurança, eu não consegui enxergar, pois minha visão continuava embaçada e naquela aflição e tumulto outro carro bateu na porta do meu, do lado do passageiro, a batida foi tão forte e eu fui imprensado nas ferragens, perdi a consciência de vez.
Acordei depois de dez dias, na UTI de um hospital, tentei me levantar, mas não consegui, logo veio o medico me falou do acidente e que nas radiografias fraturei as duas pernas, e... Esse “e” me assustou, ele calmo e friamente deu a noticia que nunca esperei ouvi, ‘você tem um tumor no cérebro’, então me lembrei de como tudo ficou escuro naquele dia. Fim da linha. pensei! E chorei muito.

Onde estava o Deus do qual eu falava com tanta eloqüência? Porque comigo? Não havia resposta, não naquela hora.
Doutor, do acidente até a retirada dos aparelhos de ferro das minhas pernas e do tumor, seis meses se passaram, a igreja toda orava por mim, e me falava das mudanças que Deus fizera e estava fazendo enquanto eu me recuperava lentamente, era como se Deus não tivesse pressa na minha recuperação, isso me deixava arrasado.
Quando enfim pude voltar à igreja, era tanto preparo pra sair de casa, cadeira de rodas, (pois ainda não tinha forças nas pernas) remédios e tantas coisas que acabei chegando atrasado, entrei na igreja tudo estava mudado, a igreja lotada, pessoas novas, tanta mudança! Quando passaram a oportunidade para o pregador eu me assustei, era aquele irmão que “mal sabia falar”, mas quando ele pegou o microfone meu corpo estremeceu eloqüência, santidade, unção e humildade, foi o que presenciei, a palavra foi tremenda, e senti a presença de Deus como nunca na minha vida eu havia sentido, daí descobri porque as pessoas choravam em suas mensagens, ai então doutor, Deus falou comigo, pela primeira, uma voz tão branda tão suave e ao mesmo tempo tão forte que rasgou o meu coração e me disse.: “você me perguntou aonde Eu estava quando sofreste o acidente, queres a resposta agora? Eu respondi, Sim Senhor
Então tudo que havia em mim foi lançado no chão, meu orgulho, e minha desprezível soberba; minha máscara caiu depois que Deus me disse:.
“Eu estava te substituindo meu filho, para que se cumpra em ti também a minha palavra que diz “A minha glória eu não a divido com outro” para que saibas que Eu Sou Deus.

Você entende doutor? .

__O médico levantou-se abriu a porta e me dispensando disse: espero que tenha aprendido a lição.

Passar bem pastor.

(Ficção)

3 comentários:

  1. Que lição, o pior é que existem pessoas que se julgam melhores do que os outros, mas a capacidade está em todos.
    Como disse Jão Batista: "Importa que Ele cresça e eu diminua" muito bom.

    Miss.Solene Esquerdo
    Manaus/Am

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  2. Seu texto além de emocionante é uma lição de vida, pois muitas pessoas se julgam melhores que as outras, mesmo que por momentos, mas se julgam, e acho que esse texto ensina muito,que perante Deus somos todos iguais,parabéns, que Deus a abençoe.

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  3. Se não tivesse escrito "Ficção" eu teria acreditado, tão rico é este texto.
    Aplausos a vc moça.

    Antonio Lacerda Junior
    São José dos Pinhais/PR

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